“A estrada distingue-se do caminho não só por ser percorrida de automóvel, mas também
por ser uma simples linha ligando um ponto a outro. A estrada não tem em si própria
qualquer sentido; só têm sentido os dois pontos que ela liga. O caminho é uma
homenagem ao espaço. Cada trecho do caminho é em si próprio dotado de um sentido e
convida-nos a uma pausa. A estrada é uma desvalorização triunfal do espaço, que hoje já
não passa de um entrave aos movimentos do homem, de uma perda de tempo (…) E
também a sua vida, ele já não a vê como um caminho, mas como uma estrada: como uma
linha conduzindo de uma etapa à seguinte, do posto de capitão ao posto de general, do
estatuto de esposa ao estatuto de viúva. O tempo de viver reduziu-se a um simples
obstáculo, que é preciso ultrapassar a uma velocidade sempre crescente.” (SÁ, 2006:180)
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